quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Identidade

Numa sociedade em que o indivíduo é o alvo principal de todas as atenções, devemos rever o que é o sentimento de individual. Pensando em indivíduo, nos colocamos a disposição do questionamento nada simples, o "quem sou eu" então a realidade (segundo Antonio Ciampa) leva-nos a diferentes respostas pra mesma pergunta. Somos produto e conseqüência dos nossos atos e reproduções. A identidade de alguém percorre o que esse alguém é e o que ele faz. Como pensar na identidade de alguém? A primeira informação que vem a mente é o nome e os substantivos que designam essa pessoa como "brasileiro", "estudante", "esforçado" criando uma relação de identidade com o que o situa, mas que na verdade é um reflexo de suas ações. Como quando alguém faz um curso de arquitetura, este alguém via um arquiteto, quando alguém faz muitas ações caridosas e torna-se um caridoso, ou seja, sua personalidade depende das suas ações em conjunto com a sociedade em que a pessoa está inserida. O contexto social muda completamente a identidade de alguém, afinal o sentido das ações e suas conseqüências variam conforme o local e situação por estarmos em constante representação de diferentes papéis diante da sociedade. Se em grupo de pessoas eu sou visto como um "colega de trabalho", eu represento para aquelas pessoas um papel equivalente do que me dizem, este papel será diferente em outro grupo, logo, a minha identidade percorrerá várias transições sem que eu queira. Afinal, não há uma identidade que não seja mutável, muito pelo contrário, todos estamos sujeitos à mudarmos constantemente mesmo que não percebamos tais mudanças, no mínimo mudamos de criança pra jovem, de jovem pra adulto e de adulto para velho. O quanto mudamos, bem aí já é outra questão. Podemos mudar o quanto quisermos, o problema é que temos medo de mudarmos a ponto de não nos reconhecermos mais e enlouquecermos. 
A noção de identidade está conosco desde antes de nascermos, pois somos "filho de alguém", pertenceremos já a uma pátria, e temos características físicas e sociais agregadas de nossos pais. Assim, estamos acostumados a sermos quem podemos ser e a partir deste conceito formamos nossa identidade da melhor forma possível.

Bullying e Rodeio de Gordas

Assédio Moral nas universidades
                O termo bullying já é bastante conhecido na sociedade brasileira e exemplos não nos faltam. Original dos Estados Unidos, já é conhecido e, infelizmente, praticado mundialmente. Bullying significa assédio moral, a agressão deliberada do ordem psicológica e é exatamente isso que acaba com a infância de muita gente, trazendo reflexos para a vida adulta.
                Vimos recentemente o lamentável episódio da unesp de Araraquara, que, nos jogos universitários do InterUnesp, contou com a brincadeira chamada 'rodeio das gordas'. Esta consistia em laçar e montar uma garota obesa o maior tempo possível, isso para os inscritos no "torneio", com direito a taxa de inscrição, camiseta comemorativa e prêmio. Foi criado também um portal no site de relacionamento orkut, onde eram feitas as inscrições e a divulgação do evento. Os organizadores, depois de todo o alvoroço da imprensa, retificou-se e desculpou-se. As gordinhas envolvidas sofrem até hoje ao relembrar o episódio e os danos causados são irreversíveis. Organizações não governamentais cobram da universidade medidas cabíveis e a Unesp, sendo uma das universidades mais importantes do país, tenta se redimir. Universitários indignados publicam suas opiniões na internet e repudiam a atitude dos unespianos.
                Mas não precisamos ir até o interior de São Paulo para exemplificar o bullying. Recentemente, numa festa organizada pela ECA, Escola de Comunicações e Arte da USP, homossexuais foram agredidos por um grupo de jovens. O casal gay foi à festa "Outubro ou Nada" e estava num dos sofás da mansão em que esta foi organizada quando 3 jovens os agrediram verbal e fisicamente. Enquanto esperavam a ajuda dos seguranças da festa, o que pode ter demorado mais do que o necessário, o casal tentava se defender. Socorridos, recorreram a Atlética da ECA, que comandou a expulsão dos agressores.
                As universidades deveriam abrigar pessoas inteligentes e com mentes abertas, mais maduras, principalmente as universidades federais e estaduais, que servem como referencia e exemplo as outras do país e do mundo. Aguardamos ainda uma lei que puna as ações relativas a bullying nas escolas e universidades brasileiras, mais do que isso: esperamos bom senso do povo e respeito as diferenças do próximo. Assim teríamos melhores escolas, melhores universidades e melhores pessoas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A noção do risco na contemporaneidade e transições para a vida adulta

Cada vez mais se discute as práticas do risco na sociedade atual, problema que traz um crescente número de vítimas e de gastos para a economia e para o sistema de saúde. Porém, quem é o maior culpado por isso? A sociedade em massa afirma que são os jovens, e é para tentar esclarecer está dúvida que foi criado este texto.
Nos dias atuais, os avanços tecnológicos são tamanhos, que tornam – se obsoletos em questão de semanas, e isso faz com que a troca de informações e as relações entre as pessoas fiquem cada vez mais rápidas. Com este panorama é que os jovens da atualidade encontram o mundo, envoltos em uma realidade virtual. Estas transformações da contemporaneidade não poupam nenhum espaço social ou demográfico, trazendo conseqüencias ao mundo moderno, como a fragmentação de parametros e modelos instituidos, bem como das lógicas do mercado.
Todavia, a contemporaneidade também é marcada por paradoxos. Com todo o avanço tecnológico, era esperado uma revolução no intuito de melhorar as condições de vida da população mais pobre, bem como a redução da pobreza, contudo, o que se pode observar é um aumento da desigualdade social e a disparidade crescente das áreas mais pobres,tornando mais difícil seu acesso aos benefícios do progresso. Outro exemplo está no ambito dos direitos humanos, enquanto vivemos um grande reconhecimento e legitimação dos direito humanos, assistimos também um enorme número de situações violentas e de desrespeito a estes valores.
Tratando – se de Brasil, convivemos com números entusiasmáticos de indicadores economicos e sociais, enquanto que as grandes cidades são marcadas pela violência e a insegurança e falta de credibilidade no poder público. E neste contexto, podemos afirmar que, quem mais sofre com todas estas mudanças é a juventude, pois nela pesam cobranças, enaltecem suas virtudes, mas não conseguem assegurar boas condições de inserção na sociedade adulta.
Devido a isto, acredita – se que, a investigação sobreos sentidos atribuidos as práticas de risco assumidas pelos jovens permite avançar, não apenas na ccompreensão dos problemas, mas na possibilidade de propor um além aos projetos socioeducativos e de formações em nossa sociedade.
O lugar do risco na contemporaneidade.
A noção do risco surgiu no século XVI, e mostrou a humanidade que, perigos e ameaças, não eram questões de compreensão como fatalidades ou azar, nem mesmo vontade divina, e sim algo que poderia ser controlado e até previsto. Com isso, nas novas formas de produção capitalista, foi introduzido a noção de organização e planejamento frente ao futuro, com o intuito de torna – lo “controlável”. A previsibilidade ganha estatuto de cunho social e pessoal e se apresenta de diversas maneiras na economia, educação, esportes e vida cotidiana.
Noção de risco pode ser percebida de duas formas: como coragem, audácia, desafio frente a obstáculos e ampliar conquistas; ou então é vista como apelos de contenção, adesão às normas vigentes, muito presente nos discursos socias quanto a saúde, educação, mostrando catástrofes em caso de desvio e transgreção.
Podemos então refletir que, a falta de livre vazão das expressões da vivência humana condena o ser humano a ser só, dar – lhes uma sensação de vazio, sem sentido de viver, e isto acaba fazendo com que o sujeito assuma atitudes de risco no intuito de buscar um significado na vida, para o enfrentamento da morte, o que se é chamado de “ordálio”. O ordálio é tido como um dos maiores culpados para o encaminhamento dos indivíduos para a destruição, como caso do uso de drogas.
A juventude na contemporaneidade.

Juventude é conhecida como a etapa entre o final da puberdade até a inserção na vida adulta, em média dos 15 aos 24 anos. Vida adulta é o momento em que o indivíduo assume papeis sociais prescritos na sociedade, como ingresso no mercado de trabalho e formação de uma família. Devido a estas definições e as diluições de fronteiras e o esgotamento dos valores socialmente compartilhados, podemos dizer que a sobre a juventude moderna está incorreta.
Quando abordamos o tempo de formação universitária, a juventude está cada vez mais extensa, devido a cursos de aprimoramento e pós – graduação. Com isso, fica adiada, via de regra, a formação de uma família e a independencia financeira.
Por outro lado, quando falamos a respeito de mercado de trabalho, é cada vez maior a parcela de jovens que entram prematuramente no mercado , devido as necessidades de sobrevivência e com isso reduzem sua formação aos niveis básicos.
E por ultimo, estão os que, devido a precoce iniciação sexual, precisam interromper seus projetos para assumir a responsabilidade da família.
Com tudo isto os dois conceitos, de juventude e de vida adulta, podem ser imprecisos.
Para piorar, os indicadores não são favoráveis: 47,7% dos jovens estão desempregados e 60% dos jovens que deveriam estar cursando o ensino médio não estavam matriculados.
Todos os discursos sobre este assunto mostram a importancia da escolarização como forma de ascensão social, entretanto o desemprego e as precárias situações de trabalho não favorecem para a confiança dos jovens. O mundo adulto enaltece a juventude, invejando – lhe o vigor e a plenitude de possibilidade de realização. Por outro lado, recusa os jovens, reputando – lhes o perigo da ruptura, da desordem e da violência.
O que mostra claramente este paradoxo é o fato de que a violência é a principal causa de morte entre 15 e 24 anos, porém apenas 1% é a faixa que cabe aos autores dos crimes com idade “jovial”. Mesmo assim, os jovens continuam como responsaveis pela violencia urbana crescente no Brasil.
Concluindo, fica a pergunta: como o jovem consegue lidar com esta ambivalência? E será que as práticas de risco não são formas de demonstração de existência?